sábado, janeiro 26, 2008

dos filmes que eu gosto: Juno

imagine a surpresa de, depois de uma árdua semana de trabalho, você decide pegar a última sessão do dia da sexta feira. por eliminação, você decide ver Juno. e você não sabe nada sobre o filme.
até que você escuta os riffs de guitarra da música folk-indie e descobre que este é o filme indie da temporada (como little miss sunshine foi o da temporada passada).
juno é o tipo de filme que não existiria sem sua trilha sonora, e que não deve funcionar para os que não abriram um sorrisão na primeira cena.
num filme cheio de referências não forçadas à cultura pop - música (tem coisa mais cool do que sonic youth cantando superstars do carpenters?) e cinema (tipo, 100 pessoas no Recife conhecem Asia Argento?), você vai se apaixonando pelo tipo de vida que você não teve (eu não tive).

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às vezes eu não sei se nostalgia é um sentimento bom.
sabe aquela coisa que você sente quando percebe que não pode voltar aos 16 anos e aproveitar o frio do inverno pra ficar em casa com seu violão e os pequenos versos? eu me sinto meio assim.

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nessas horas, São Paulo me apavora (e faltam só 28 dias).

quinta-feira, janeiro 24, 2008

do que não pode ser dito

é certo, num processo, não poder usar provas verdadeiras contra um acusado, mesmo que elas tenham sido obtidas de forma ilegal?

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devaneios embalados por magnetic fields - i think i need a new heart
You've lied too
but it's a sin that I
can't tell the truth
cause it all comes out wrong
unless I put it in a song
so the radio plays
"I Think I Need a New Heart "
just for you
"I Think I Need a New Heart"

quinta-feira, janeiro 03, 2008

do reinicio

porque as memórias escritas quase nunca representam as boas lembranças; sempre parece um pouco mais forçado do que o real, um pouco mais fantasiado.
e cada vez que lia sobre uma lembrança, ela perdia um pouco do encanto. de qualquer forma, foram-se apenas os textos. sobrou todo o resto.

do que restou do passado

"Acho que deveria estar puto com o que me aconteceu...
mas é difícil ficar zangado quando há tanta beleza no mundo.
Às vezes, acho que estou vendo tudo de uma vez e é demais.
Meu coração se enche como um balão prestes a estourar.
E então, lembro de relaxar...
...e de tentar parar de apegar-me a isso.
E então, tudo flui através de mim como chuva...
...e só posso sentir gratidão...
...por todos os momentos...
...da minha vida idiota.
Vocês não têm idéia do que estou falando.
Mas não se preocupem.
Um dia, terão."
(alguém em Beleza Americana)

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"Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces.
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada.
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada."
(Ausência, Vinícius de Moraes)